NOVAS PAISAGENS

NOVAS PAISAGENS

Subi até o Cristo, de van, sem saber o que encontraria lá em cima antes das seis da matina. Ainda assim, não dispensei o equipamento de fotografia, peso equivalente ao de um par de halteres nas costas, na maratona trôpega pela escada rolante desligada àquela hora como um castigo aos insones expedicionários. O coração subiu pelo esôfago e já estava entalado na faringe quando o devolvi de volta às entranhas do tórax com uma última tentativa de inspiração do ar que, ufa, ressuscitou pulmões e cérebro.
Nuvens na textura de algodão protegiam a cidade da inveja de forasteiros naquela montanha abençoada. Nem sinal das luzes, mares, matas. Não havia o que se enxergar ali, a não ser o céu, visto de cima para baixo na manhã branca e nebulosa.
Já tomava o rumo da saída quando o sol emergiu redondo feito moeda, amarelo feito ouro, quente feito brasa. E um arco-íris brotou do nada, espelhando-se nas nuvens de um jeito que só mesmo um retrato poderia explicar.
Foi inesquecível. Valeu cada degrau.
Inicio este blog sem saber se as nuvens dos nossos dias serão também um alicerce para paisagens improváveis e surpreendentes. Gostem, critiquem, compartilhem, ignorem. Mas não digam que não tentei.

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